segunda-feira, 27 de junho de 2011

O Medo e a Destruição Organizacional

"O medo derrota mais pessoas que qualquer outra coisa no mundo." 
  Ralph Waldo Emerson

A forte pressão por resultados tem gerado mais crises e perdas do que ganhos e oportunidades nas organizações. Em grande parte, isto é consequência do medo que contamina o relacionamento entre aqueles que dirigem as empresas e seus subordinados.

O líder que não sabe se relacionar e se comunicar de forma aberta e transparente, que não confia, tem necessidade de controlar e monitorar o comportamento de seus subordinados para obter aquilo que deseja. Ele tem medo de delegar e compartilhar o poder demonstra aversão ao risco e não permite que as pessoas tenham ideias próprias.

Nas empresas administradas por gestores dominados pelo medo de perder suas posições, existe um temor generalizado de tomar decisões, o que faz com que as pessoas adiem ou transfiram esta responsabilidade.

Nestas empresas não se deve levar a sério palavras como "participação", "transparência" ou "trabalho em equipe", pois a personalidade do líder autoritário sente-se ameaçada por relacionamentos baseados na confiança.

Não é por acaso que nas empresas em que os relacionamentos são motivados pelo medo, observa-se um baixo nível de integridade no comportamento das pessoas,  em outras palavras, existe uma grande distância entre discurso e prática.

Relacionamentos baseados no medo geram um estilo de comunicação do tipo "mão única", de cima para baixo, descrita pelo folclore organizacional como "manda quem pode, obedece quem tem juízo". Aqueles que têm poder não fazem perguntas ou trocam informações, eles dão ordens.

Isto impede a troca de informações confiáveis sobre a real situação da empresa, o que gera um clima de insegurança e impotência que vai minando a motivação do grupo. Mais ainda, a falta de informações seguras sobre o andamento da empresa gera rumores e "fofocas" de bastidores que aumentam ainda mais o clima de medo e falta de direção.

Líderes autoritários ou inseguros dificultam as mudanças que poderiam energizar a empresa e, desta maneira, ajudá-la a se libertar de dificuldades. Esta postura é consequência da desconfiança que eles alimentam diante de qualquer situação nova, pois temem e evitam o desconhecido de todas as formas. Cria-se assim um círculo vicioso. Sem mudanças efetivas a situação da empresa se complica cada vez mais. Ao mesmo tempo, toda proposta de mudança é percebida pelo líder como uma ameaça ou afronta pessoal. Mesmo quando alertado, ele não percebe que ao resistir à mudança, coloca o futuro da empresa em risco.

Para que uma empresa possa evoluir é necessário que o líder tenha menos medo da mudança, menos medo do novo. Isto é, ele deve ser capaz de perceber possibilidades e oportunidades que a maioria não percebe. Caso contrário, ele se torna um empecilho para a evolução do negócio, pois o seu medo gera um clima reativo e paralisante em toda empresa. Além disso, cria um ambiente sem motivação e desafios que expele os melhores profissionais, aqueles que poderiam criar um diferencial para a organização.

Nos ambientes em que existe medo e autoritarismo, as pessoas e equipes lutam para defender o seu espaço. Elas vivem num contexto de escassez, em que é necessário lutar por poder, espaço e recursos para sobreviver. Isto cria "panelas", "clubes" ou "tribos" que manipulam e controlam recursos e oportunidades de evolução, gerando relações baseadas na injustiça e na desigualdade.

As pessoas não são motivadas pela missão e objetivos da empresa (muitas vezes eles nem estão claros), mas sim pelas recompensas e punições estabelecidas por seus superiores. Elas não têm um projeto de futuro, pois estão tentando sobreviver ao passado.

Líderes autoritários criam com seus subordinados uma relação de dependência, que tem consequências negativas para a vida da organização - entre elas, a falta de autonomia, iniciativa e poder de decisão, gerando uma atitude passiva coletiva (“vou esperar que os meus superiores me digam o que fazer").

Vários estudos organizacionais apontam que a competência mais importante para o sucesso na carreira é a iniciativa, seguida da ética, inovação e trabalho em equipe. Como podemos constatar, enquanto os relacionamentos estiverem baseados no medo e, consequentemente, no autoritarismo, estas competências estarão impedidas de se manifestar, por mais que o discurso exija o contrário. Num ambiente de medo não existe ética, pois o interesse próprio é mais forte; não existe inovação, pois as pessoas estão mais preocupadas em manter as suas posições; não existe trabalho em equipe, pois não existe confiança. Isso destruirá a organização  com o passar do tempo. 

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